GESTAÇÃO E PARTO NA MEDICINA VETERINÁRIA DE PEQUENOS ANIMAIS

GESTAÇÃO E PARTO NA MEDICINA VETERINÁRIA
Antes de ocorrer a gestação existem vários fatores a se considerar para que ocorra uma gestação boa e um parto bom.
PRÉVIA À GESTAÇÃO
Escolha dos progenitores:
O pai.
Até o momento a escolha do macho baseia-se especialmente em evitar efeitos detectáveis (por exemplo displasia coxofemoral ou de cotovelo, atrofia retiniana) e em selecionar características desejáveis ( como tamanho e complementação com a fêmea ou equilíbrio das particularidades da raça.
                A mãe.
                A respeito da mãe a lista é mais ampla. Além das citadas para o macho (evitar efeitos detectáveis e selecionar características desejáveis), há também vários outros fatores relacionados à saúde, à   alimentação, ao caráter, ao ambiente e outros mais que serão citados abaixo.
a.       Idade: Tanto cadelas ou gatas excessivamente jovens (primeiro cio) ou sobretudo demasiadamente velhas (a partir de 5 ou 6 anos , caso nunca tenham procriado) são mais propensas a apresentar distocias. As fêmeas velhas têm menor fecundidade e prolificidade.
b.      Saúde: a saúde da mãe não só influi na fertilidade e fecundidade, mas também influi na gestação e lactação e, portanto, na futura saúde das crias.
c.       Vacinas: as vacinas são desaconselháveis durante a gestação. Ademais para uma correta imunização tanto da mãe quanto dos filhotres, o ideal é que a mãe seja vacinada entre 3 e 6 meses antes da gestação.
d.      Histórico reprodutivo: começa com uma exploração das áreas genital e mamária, para descartar malformações (como bridas vaginais ou anomalias nas mamas). Também se deveria analisar cuidadosamente a conveniência de utilizar mães com antecedentes de cesária, agalactia, mastite ou “canibalismo”, pois isso aumenta o risco de complicações com aninhada.
e.      Histórico clínico não reprodutivo: especialmente endócrino. Por exemplo, nos casos de diabetes, pela dificuldade de manter a fêmea compensada (resistência à insulina) e pelos risco para os filhotes, é preferível descartá-la da reprodução. Um hipotireoidismo subclínico na mãe pode dar origem a filhotes fracos ou inclusive hipotireoideos.
f.        Nutrição: não é conveniente usar fêmeas muito obesas ( costumam apresentar menores índices de fertilidade) ou muito magras, até estabilizar o peso previamente. A obesidade será agravada com a gestação, tanto na cadela quanto na gata, e causará problemas especialmente na hora do parto (distocia).

DURANTE A GESTAÇÃO E O PARTO

                A gestação é uma fase determinante para o nascituro: os erros nutricionais, os tratamentos inadequados e as doenças de qualquer tipo não só podem determinar reabsorções embrionárias ou fetais, abortos ou mortalidade perinatal, como podem ter muitas repercussões sobre a saúde dos filhotes e sobre a mortalidade neonatal.
                Para um bom nascimento do neonato alem dos fatores genéticos já mencionados, a idade e a saúde, a nutrição prévia e durante a gestação, a placentação, a presença de infecções ou parasitismos e os aspectos sanitários e de estresse ao redor dessa mãe.
a.       Alimentação: na gata o aumento de pso é linear do começo ao final da gestação e ocorre um aumento de 40 % em relação ao peso anterior. Na cadela nos dois primeiros terços da gestação se desenvolve uma terça parte de todo o volume fetal. Enuanto no ultimo terço se produzem as duas terças partes do volume fetal. A cadela aumenta 25 % do peso normal.
b.      Necessidades e erros na nutrição: muitas vezes, embora por mecanismos pouco conhecidos, erros nutricionais na mãe alteram hormônios, citocinas e funções placentárias resposáveis pelo controle da implatação, crescimento fetal, parto, etc., cujo reflexos são alterações clínicas e imunológicas, entre outras, nos filhotes.
c.       Aspectos médicos: anormalidades cromossômicas e malformações; doenças bacterianas ou virais e processos parasitários; distúrbios endócrinos da mãe; traumas podem ser importantes o suficiente para produzir a desinserção placentária; fármacos: os riscos teratogênicos de alguns agentes, sobretudo nos primeiros 20 dias, dependerão não só do produto mas também  da dose e do tempo de administração. A distocia: é o último fator de risco do feto antes de ser um neonato começar a enfrentar outras agressões.

É aconselhável, no mínimo, um controle analítico materno. Existe risco quando:
Hematócrito < 37% / Hemoglobina < 10 g/100 ml / Proteína Total <5 g/100 ml

Recomenda-se uma avaliação ultra-sonográfica aos 30 dias e outra no início do último terço da gestação. Também é recomendado um exame radiológico poucos dias antes da data prevista para o parto.
d.      Aspectos psicológicos e de manejo: as interações entre o meio, os filhotes e a mãe, e a indiscutível transmissão de sensações e de emoções maternas para as crias.
- a sensibilidade tátil: aparece no gato aos 21 dias de idade fetal. É lógico pensar que uma manipulação precoce, sistemática e adequada da mãe durante a gestação influirá de maneira clara na futura tolerância dos gatinhos à manipulação, e isso terá um papel transcendental na socialização com os humanos.
A sensibilidade tátil no cão é mais tardia, aparece aos 45 dias de gestação. O paladar e, talvea, o olfato, começam a aparecer perto dessa época também.

O Parto
               
                O dado mais importante para preparar o parto é a data prevista.
                Os dois principais aspectos a serem controlados são:
                - A fêmea: os fatores vinculados a idade, nervosismo, inexperiência, comportamento, etc.
                - As influências externas: deve-se avaliar-se adequadamente a relação entre os prós e os contras dos estímulos estressantes, como a hospitalização ou a presença de estranhos, quando o parto se torna num espetáculo para a família e para os vizinhos, bem como a temperatura ambiente os contexto, entre outros.

                 No trabalho de parto há três estágios:
                - Estagio 1: Começa as contrações uterinas; termina quando a cérvix fica completamente dilatada; duração media de 6 a 12 horas. As cadelas podem ficar inquietas, nervosas e anoréticas; podem tremer respirar de forma ofegante, vomitar ou caminhar compassadamente; poróximo ao fim, costumam procurar um lugar para fazer o ninho. Nas gatas, elas tendem a vocalizar em princípio; ronronam a medida que o parto se aproxima.
                - Estágio 2: Começa com a dilatação plena da cérvix, a entrada do primeiro feto no canal cervical e a ruptura da membranacorioalantóide; termina com a expulsão do último filhote da ninhada. * Cadelas - O período desde o início do estágio até a expulsão do primeiro filhote costuma ser < 4 horas; o tempo entre a expulsão dos filhotes subseqüentes geralmente é de 20 – 60 min (pode ser de até 2-3 horas em cadelas). * Gatas – a duração média do parto é de 16 horas, com variação de 4 – 42 horas.
                - Estágio 3: Começa após a liberação de toda ninhada; termina com a eliminação de todas as placentas.
                Verificamos alguns dos estágios no vídeo abaixo:

                Sinais clínicos de distocia:
- Mais de 4 horas desde o início do estágio 2 até a liberação do primeiro feto;
- Falha em parir 24 horas depois da queda na temperatura retal (< 37,2º C);
- Prenhez prolongada - > 70 dias desde o primeiro dia do cruzamento.
               
- Corrimento preto-esverdeado (uteroverdina) precede o nascimento de primeiro filhote (normal).

Quando o proprietário deve se preocupar:
- Obviamente o proprietário deve se preocupar quando a femêa tiver sinais diferentes na hora do trabalho de parto;
- E também quando houver problemas de comportamento materno:
                - Comportamento materno deficiente: a mãe simplesmente abandona sua cria;
                - Comportamento materno fraco: a mãe permanece com as crias porém não permite que os filhotes mamem, limpeza insuficiente dos filhotes, mata alguns deles ou todos eles;
                - Comportamento materno anormal: ocasionalmente a cadela abandona ou ataca seus filhotes se mudarem de odor ou de aparência. Uma fêmea pode ficar pertubada com outro animal ou  outras pessoas e pode redirecionar sua agressão para os filhotes.
                O que fazer?
- Dieta adequada para cadelas e gatas lactantes afim de alcançar as demandas energéticas;
- A cadela que está apresentando agressão redirecionada aos filhotes deve ficar isolada em área silenciosa e escura.
- Os filhotes de cães ou de gatos das fêmeas que demonstrem comportamento materno deficiente devem ser monitorados diariamente para que se tenha certeza de que estão ganhando peso.

Prevenção
- Colocar a fêmea lactante em locais silenciosos e confortáveis, distante do barulho e de distúrbios de outros animais e pessoas;

- Não cruzar novamente fêmeas que demonstrem comportamento materno deficiente.

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